
28 nov 2024
Indução à lactação: estratégia para produtividade leiteira 4n359
Em rebanhos leiteiros, assim como em rebanhos de corte a eficiência reprodutiva é fundamental, pois determina o número de parições e, consequentemente, quantas vacas entrarão em lactação após o parto. O ideal é que a fêmea emprenhe o mais o rápido possível após o período de espera voluntário, que se estende desde o parto até a liberação do animal para a reprodução. No entanto, algumas fêmeas encerram a lactação sem conseguir estabelecer uma nova gestação, resultando em:
- Aumento do descarte involuntário;
- Redução do período produtivo;
- Redução do número de animais para reposição;
- Redução no progresso genético.
É importante ressaltar que a não ocorrência da gestação não significa, exatamente, infertilidade. Fatores como qualidade do sêmen, habilidade do inseminador, manejo, nutrição e ambiente, podem impactar a taxa de concepção, mesmo em animais geneticamente férteis.
Uma alternativa promissora para reduzir o descarte involuntário e aumentar a produtividade é a indução à lactação. Este protocolo mimetiza as alterações hormonais que ocorrem antes do parto, estimulando o desenvolvimento da glândula mamária e a produção de leite, permitindo que a fêmea inicie um novo período de lactação. Este protocolo pode ser utilizado também em novilhas, que atingiram o peso e estejam aptas a reprodução, mas que não emprenharam.
O protocolo consiste na aplicação de progesterona, estrógeno, prostaglandina, somatotropina e corticosteróide, que replicam o perfil fisiológico presente no final da gestação, conhecido como colostrogênese. Isso faz com que o organismo da fêmea entenda que é o momento de produzir leite.
Em parceria com universidades, a Ourofino desenvolveu um protocolo de indução à lactação (figura 1), que resulta em uma resposta positiva em 85% das fêmeas, levando a uma produção média de leite correspondente a 70% da lactação fisiológica.
Para garantir o sucesso do protocolo, é necessário selecionar as fêmeas com base em alguns critérios:
1) Produtividade;
2) Escore de condição corporal;
3) Sanidade (estarem saudáveis);
4) Número de lactações.
Além disso, as fêmeas devem ser submetidas ao protocolo de secagem completo, que deve ser iniciado após 40 dias de período seco. O protocolo tem duração de 21 dias, totalizando 60 dias de secagem antes do início da lactação induzida.
Figura 1. Protocolo de indução à lactação convencional (Mingoti et al., 2016 – ICAR)
Assim como vacas que pariram, as vacas induzidas iniciam a produção com colostro, que deve ser descartado por pelo menos 9 ordenhas. Além da produção de leite, outra vantagem do protocolo de indução à lactação é o retorno à função reprodutiva, sendo uma estratégia para incrementar a fertilidade de fêmeas repetidoras de serviço.
Mesmo que a vaca seja eventualmente descartada por infertilidade, conseguir uma ou duas lactações antes do descarte ajuda a diluir a depreciação do animal, reduzindo os custos anuais com reposição do rebanho. Essa estratégia pode ser a chave para maximizar o retorno sobre o investimento na produção leiteira.
PhD. Igor Garcia Motta
Especialista Técnico – Linha Reprodução